quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Cunha: de líder do impeachment a preso pela Lava Jato

Visto como herói por um tempo, Cunha amarga o abandono dos aliados e vai para a cadeia

Do R7

O ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), que teve o mandato cassado em setembro deste ano, passou de peça-chave no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) para preso da Operação Lava Jato, acusado pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta de divisas, pela manutenção de contas secretas na Suíça que teriam recebido propina no esquema na Petrobras.
Cunha foi um dos articuladores do impeachment, que começou meses antes da saída oficial de Dilma ser efetivada no Senado. Em meados de 2015, no papel de presidente da Câmara dos Deputados, Cunha rompeu com o governo e colocou em votação as chamadas pautas-bomba, que, em geral, criavam novas despesas para o governo federal e, ao mesmo tempo, arranhava a imagem da então presidente da República. A estratégia deu certo: houve diversas derrotas do PT no Congresso, o que afetou a governabilidade da ex-presidente.
O pedido de impechment foi aceito por Cunha após o PT decidir não o apoiar no processo de cassação contra ele na Comissão de Ética da Câmara, em dezembro de 2015. Na época, o então presidente da Câmara negou ligação entre a decisão dos deputados do PT e a dele. Meses depois, a mesma Câmara que o apoiou durante o processo de afastamento de Dilma, decidiu por sua cassação.
A figura de Cunha virou ícone durante a condução e articulação do impeachment, quando ainda presidia a Casa. Como “algoz” de Dilma, o ex-deputado chegou a ser ovacionado por movimentos sociais pró-impeachment, como o MBL (Movimento Brasil Livre).
Se de um lado Cunha chegou a ser visto como um herói, a então oposição o via como o mentor do que chamaram de “golpe” contra a ex-presidente, que teria sido arquitetado ao lado de Michel Temer (PMBD).
A família de Cunha também passou a ser investigada pela Lava Jato. Sua mulher, Cláudia Cruz, chegou a dar declarações de que nunca teve conhecimento de onde vinha o dinheiro das suas contas no exterior e o atribuía aos negócios do marido. O caso também respingou em sua filha. Cunha chegou a chorar em meio a uma coletiva de imprensa quando falou sobre sua família.
Em tom de “descartado” e considerado um peso para seu partido e aliados, o ex-deputado passou os últimos meses tentando se defender das acusações, garantindo estar sendo perseguido. Porém, nesta terça-feira (18), o juiz Sérgio Moro deferiu o pedido de prisão preventiva, que foi cumprido nesta quarta-feira (19). Existe uma expectativa de que Cunha faça novas revelações, que possam ajudar a Polícia Federal a conseguir novas informações sobre esquemas de corrupção.

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