quinta-feira, 31 de março de 2016

Bancada parlamentar maranhense está na mira do ex-presidente Lula


  •  
  •  
José Sarney não compareceu à reunião do PMDB que selou a debandada do governo, o que despertou o interesse do ex-presidente

Lula está tentando costurar acordos dentro do PMDB
Lula está tentando "costurar" acordos dentro do PMDB (Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula)
SÃO LUÍS - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que mantém o posto de articulador informal do governo Dilma Rousseff enquanto aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal sobre sua nomeação para a Casa Civil - está tentando "costurar" apoios do membros do PMDB, mesmo após o partido ter anunciado rompimento com o governo. Um dos "alvos" do petista é a bancada maranhense.
No dia da convenção do PMDB, o partido exigiu saída imediata de seus ministros, fixando prazo até 12 de abril. O senador José Sarney não compareceu à reunião do partido que selou a debandada do PMDB do governo, o que despertou o interesse de Lula. Jader Barbalho e Renan Calheiros também estão na mira do petista.
Nesta quarta-feira (30), por exemplo, ocorreu uma longa reunião com o paraense Jader Barbalho no apartamento do senador peemedebista, em Brasília. O resultado do encontro pode ser medido na edição de hoje do Diário Oficial da União, com a indicação de Luiz Otávio Oliveira Campos para a diretoria-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
Campos, que ainda terá de ser sabatinado no Senado antes de ser efetivado na agência reguladora, é hoje o secretário executivo da Secretaria dos Portos, comandada pelo ministro Helder Barbalho, um dos seis peemedebistas que ainda integram o ministério de Dilma.

Helder fica no governo, a despeito da orientação da cúpula do PMDB, decisão tomada por aclamação na terça-feira. Ele e o pai irão trabalhar para arregimentar votos a favor de Dilma no processo de impeachment.

Jader Barbalho deixou claro, em entrevista na própria terça-feira ao jornal O Estado de S. Paulo, que não concorda com a decisão do PMDB. Segundo apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o senador esteve, semana passada, com o vice-presidente Michel Temer, em São Paulo.
Unidade
Ontem, a ministra Kátia Abreu escreveu no microblog Twitter que os seis ministros peemedebistas - Henrique Alves, o sétimo, fiel escudeiro de Temer, entregou o cargo no dia da decisão anunciada pelo PMDB - permanecerão no governo.

Ela fez a postagem depois de ser flagrada, por um fotógrafo da Folha de S.Paulo, numa conversa por mensagens de celular na qual revelava a rebeldia dos ministros e a estratégia de se licenciarem do partido para fugir do risco de expulsão. A despeito da tentativa de demonstrar unidade, com a decisão por aclamação, o PMDB está expondo cada vez mais sua divisão interna.
Leia mais notícias em OEstadoMA.com e siga nossas páginas no Facebook, no Twitter e no Instagram. Envie informações à Redação do Jornal de O Estado por WhatsApp pelo telefone (98) 99209 2564.

Repúdio - Sindicato emite nota contra manifestantes que tentaram agredir jornalistas em São Luís


  •  
Durante dois dias consecutivos, equipes de reportagens foram hostilizadas durante manifestação contra o reajuste das passagens de ônibus em São Luís

No primeiro dia, tumulto ocorreu dentro do Terminal de Integração da Praia Grande
No primeiro dia, tumulto ocorreu dentro do Terminal de Integração da Praia Grande (Foto: De Jesus / O ESTADO)
SÃO LUÍS - Durante dois dias consecutivos, equipes de reportagem relataram tentativas de agressões durante a cobertura dos protesto contra o reajuste das tarifas de ônibus de São Luís. O Sindicato de Jornalistas Profissionais de São Luís emitiu nesta quinta-feira (31) nota de repúdio contra a violência contra a categoria.
O primeiro caso ocorreu na segunda-feira (28). As equipes de reportagem de O Estado, da TV Mirante e da Rádio Mirante AM por pouco não foram agredidas. Os repórteres Thiago Bastos, Ádria Rodrigues e Alessandra Rodrigues, o fotógrafo De Jesus e o cinegrafista Luiz Alfredo estavam acompanhando a passeata desde a concentração, que começou por volta das 15h na Praça Deodoro.
Já por volta das 18h30, os manifestantes invadiram o Terminal de Integração da Praia Grande e foi no local que ocorreu o princípio de agressão, por parte de um pequeno grupo de pessoas. As equipes foram cercadas e, acuadas, resolveram deixar o local. O movimento estava sendo acompanhado pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar.

Vídeo mostra homem ameaçando atear fogo em juíza no Fórum Butantã



Kleber Tomaz e Isabela LeiteDo G1 São Paulo
Um vídeo de 30 segundos que circula por meio do aplicativo WhatsApp mostra o homem que invadiu o Fórum Butantã, na Zona Oeste de São Paulo, ameaçando atear fogo na juíza que ele manteve refém na tarde de quarta-feira (30). O Bom Dia São Paulo exibiu trecho dessa gravação nesta quinta-feira (31) (veja o vídeo acima).
Outras imagens também circulam por meio de celulares mostrando o momento da prisão do agressor.

A filmagem da ameaça foi feita por celular por um policial militar, atendendo uma das exigências de Alfredo José dos Santos, que segurava a juíza Tatiane Moreira Lima, da Vara de Violência Doméstica, pelo pescoço. Ela foi mantida refém por cerca de 20 minutos.

O agressor, que teria cursado ensino técnico em química, havia jogado líquido inflamável nele e em Tatiane e ameaçava acender um isqueiro. Ele foi preso pela Polícia Militar (PM) quando se distraiu com a gravação.
Por conta do incidente, o Fórum ficará fechado nesta quinta-feira (31). Todas as audiências agendadas foram canceladas e serão remarcadas. De acordo com Tribunal de Justiça (TJ), "se constatadas falhas, medidas corretivas serão tomadas de imediato".
O G1 não conseguiu confirmar se Alfredo constituiu advogado para defendê-lo. A equipe de reportagem também não localizou Tatiane para comentar o assunto.
saiba mais
Alfredo responde na Justiça por agressão à sua mulher, em 2013. Ele estaria sujeito à  Lei Maria da Penha, que protege mulheres vítimas de violência ou ameaças.

O homem, que dizia nas imagens ser inocente, tinha uma audiência marcada com a juíza às 14h. Segundo policiais ouvidos pela equipe de reportagem, o invasor estaria insatisfeito com a magistrada, que teria tirado dele a guarda do filho. Os agentes contaram que o agressor estava visivelmente abalado psicologicamente.

“Tá filmando isso aí?”, indagou Alfredo para os policiais, enquanto mantinha a magistrada refém. “Coloca na televisão”.
As cenas não mostram, no entanto, a prisão do homem, que carregava uma mochila com artefatos suspeitos e garrafas com líquido inflamável, como gasolina e querosene. De acordo com policiais, dentro também estaria um dinossauro e uma arma de brinquedos, além de um capacete militar com a inscrição 'inocente'. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), Alfredo foi levado ao Hospital Universitário e liberado do atendimento médico.
Em seguida, passou por uma delegacia, onde poderia ser indiciado por tentativa de homicídio e outros crimes. O boletim de ocorrência foi registrado no 51º Distrito Policial (DP), no Butantã, onde o delegado Milton Toschi confirmou a prisão em flagrante do homem por ter jogado líquido inflamável na juíza.

Após a elaboração do Boletim de Ocorrência, ele seria transferido ao 91º DP, Ceasa. A juíza foi levada ao Hospital Albert Einstein e liberada. Policiais disseram que o agressor dizia que 'juiz não é Deus'.
O caso
O crime aconteceu por volta das 13h30. Segundo policiais, Alfredo invadiu o Fórum do Butantã correndo pela saída, sem passar pela segurança. O local não teria detector de metais. Ele subiu as escadas ateando fogo no piso.
Um segurança chegou a atirar na direção do invasor, mas o disparo teria atingido a parede. Sem ser barrado, Alfredo correu até o gabinete da juíza, a agarrou pelo pescoço e despejou um produto químico nela.
Quando seguranças do fórum chegaram à sala, Alfredo segurava a juíza pelo pescoço. Após negociação com a polícia, ele exigiu que as pessoas na sala filmassem ele segurando a magistrada. Pedia para que ela dissesse que ele não era louco e era inocente. Também pediu que chamassem a TV. A gravação foi feita por um policial.
Veja abaixo o diálogo gravado por celular:
Alfredo José dos Santos - “Tá filmando isso aí?”
PM1 – “Tá.”
Alfredo – “Coloca na televisão.”
PM 1 - “Calma, calma, calma. Tenha calma, pô! Eu quero te ajudar, pô!”
Alfredo - “Quero a televisão aqui, agora.”
PM 1 -  “Já pedimo (sic), tá vindo.”
PM 2 – “Tá vindo.”
PM 1 - “Tô sem arma, pô. Fica calmo.”
Alfredo - “Só um minutinho. Peraí, peraí. Eu sou louco?”
PM 1 - “Ninguém quer te prejudicar ”
Alfredo - “Fala para eles bem alto. Eu sou louco?
PM1 – “Ela é inocente.”
Juíza Tatiane Moreira Lima – “Você não é louco.”
Alfredo – “Pera só um pouquinho... Três vezes.”
Juíza – “Você não é louco.”
Alfredo - “Mais uma!”
Juíza – “Você não é louco.”
Alfredo - “Sou culpado de algum crime?”
Juíza – “Não. Nenhum crime.”
PM 1 – “Tenha calma.”
Alfredo – “Vocês ouviram?”
Juíza – “Nenhum crime.”
Alfredo – “Vocês ouviram?”
PM 1 – “Tá filmando.”
Alfredo – “Tá filmando isso aí?”
PM – “Tá.”
Alfredo – “Coloca na televisão.”
Ao término da gravação acima, ele foi detido pelos policiais, rendido e preso. A juíza acabou libertada. Essa ação da prisão também foi filmada. Um vídeo de 1 minuto e 50 segundos mostra policiais aproveitando um momento de distração do agressor e avançam sobre ele, o imobilizando. Em seguida, um extintor é jogado para impedir que ele ateasse fogo na vítima.

"Eu sou inocente, eu sou inocente", dizia Alfredo aos policiais que o algemavam.

"Ele [o agressor] falou que tá cheio de coisa aí dentro", disse em seguida um policial, se referindo a possíveis produtos inflamáveis colocados no fórum.
Gate
Segundo técnicos da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e bombeiros, o produto jogado pelo homem na magistrada seria químico. No entanto, eles não souberam afirmar qual seria especificamente o material.

Por conta do incidente, o fórum passou a tarde de quarta-feira fechado e cercado pela polícia. O Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), da PM, foi acionado para fazer uma varredura no local e verificar a possibilidade de explosivos. Caminhões do Corpo de Bombeiros e equipes da PM também foram deslocados.

A área foi liberada por volta das 19h20 de quarta-feira, quando o Gate deixou o fórum levando um artefato suspeito de ser uma bomba caseira.
Magistrados
Por meio de nota, a Associação Paulista de Magistrados (Apamagis) manifestou "integral apoio e solidariedade à nossa colega juíza da Vara de Violência Doméstica, do Foro Regional do Butantã, alvo, nesta data, de grave e inusitado atentado, praticado provavelmente por pessoa que estava sob a sua jurisdição, que invadiu o prédio público munido de líquido inflamável fazendo a magistrada de refém".
Os membros da Associação informaram ainda que "repudiam qualquer ato de violência e reiteramos a necessidade de que os membros da Magistratura tenham proteção contra atos que atentem contra sua integridade física, coloquem em risco suas vidas e afetem diretamente o Poder Judiciário. Essa proteção só se efetivará quando da criação de uma política nacional de segurança eficaz aos magistrados".
De acordo com a nota da Apamagis, um "Poder Judiciário forte e independente é o pilar de sustentação do Estado Democrático de Direito e seus integrantes devem ter total proteção do Estado para o desempenho do exercício de suas funções".
A Associação finalizou o comunicado informando que "confia nas autoridades na célere e eficaz apuração destes fatos ocorridos no Foro Regional do Butantã e desde já agradece as manifestações de solidariedade de outras instituições ligadas à Justiça".