Oito
governadores, sete ministros, 16 senadores e 55 deputados federais
aparecem, nos documentos apreendidos pela PF, entre os beneficiários de
doações da empresa.
Análise feita pelo Congresso em Foco nos
documentos que se encontravam em poder do executivo do grupo Odebrecht
Benedicto Barbosa Silva Júnior, apreendidos pela Polícia Federal em
fevereiro e divulgados na última quarta-feira (23), dão
uma dimensão impressionante sobre o seu alcance. Os papéis, entre os
quais cópias de planilhas com várias anotações a mão, atribuem doações
eleitorais a perto de três centenas de políticos.
Mas
o número de citados é menos expressivo que a sua importância. Se os
citados na papelada formassem, digamos, um “Partido da Odebrecht”, ele
superaria todos os outros em número de governadores (8), teria a segunda
maior bancada no Senado (16) e a terceira na Câmara dos Deputados (55).
Há na lista apurada pelo Congresso em Foco nomes
do Distrito Federal e de todos os estados brasileiros. Estão entre eles
grande parte das principais lideranças políticas nacionais, incluindo
chefes de Executivo das unidades federativas economicamente mais fortes
do país. Em ordem decrescente, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de
Janeiro e Bahia têm os maiores contingentes de candidatos possivelmente
financiados pela Odebrecht.
Veja a distribuição dos nomes por estado:
Nada menos que 25 partidos são contemplados. PT, PSDB, PMDB, PP, PSB e DEM lideram as doações:
A
relação traz ainda 48 prefeitos, 33 vereadores e 23 deputados
estaduais, fora uma infinidade de ex-governadores, dirigentes
partidários e candidatos nas eleições disputadas no Brasil desde 20120.
Veja a distribuição por cargo:
Chegar
à lista agora publicada envolveu um complexo trabalho para confrontar
indicações de datas, nomes e locais constantes dos documentos originais,
além da eliminação de erros de grafia e da decodificação de certos
apelidos. Por exemplo, no contexto encontrado nos papéis, há pouca
margem para dúvidas quanto à identidade do “Gato Angorá”. Trata-se do
ex-ministro e ex-governador do Rio Moreira Franco (PMDB), assim
conhecido pelos seus cabelos brancos.
Nem
por isso é possível garantir que a presente lista é 100% completa e
livre de equívocos. Se você notar a necessidade de algum acréscimo ou
retificação, escreva para redação@congressoemfoco.com.br. O mesmo e-mail está à disposição dos interessados em esclarecer a menção a seus nomes.
Foram desconsideradas as referências a repasses feitos diretamente aos partidos.
Vale
acrescentar, finalmente, que as doações – cujo montante total supera as
contribuições da Odebrecht registradas pela Justiça eleitoral nos
pleitos de 2010, 2012 e 2014 – envolvem valores contabilizados
oficialmente pelos candidatos ou partidos, mas não só eles.
Em off,
alguns dos citados admitem que o dinheiro foi entregue por caixa dois,
mas não se confundiriam com propinas pagas em troca da defesa do
interesses da empresa.
Também há casos em que os políticos mencionados garantem que a transferência do dinheiro não ocorreu.
Outro
ponto a ser esclarecido é se aqueles que aparecem nos documentos como
“históricos” são, como sugere a palavra, políticos habitualmente
premiados com contribuições do grupo Odebrecht – regulares na
periodicidade com que foram feitas, mas irregulares por estarem à margem
de qualquer previsão legal.
A
qualificação é dada a um seleto grupo de políticos poderosos, quase
todos do PMDB: os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e do
Senado, Renan Calheiros (AL); o ex-presidente José Sarney (AP); o
senador Romero Jucá (PMDB-RR); o governador Luiz Fernando Pezão
(PMDB-RJ); o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves; o presidente
da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani; e o ex-governador do
Rio, Sérgio Cabral. Há dois “históricos” não peemedebistas: o senador e
presidente nacional do DEM, José Agripino (RN), e o líder do PSDB no
Senado, Cássio Cunha Lima.
Enfim,
não falta material para ser investigado pela Polícia Federal e pelo
Ministério Público. Nesse aspecto, a decisão da Odebrecht – e em
especial do seu herdeiro e principal executivo, Marcelo Odebrecht – de
aderir à delação premiada deve esclarecer muita coisa. Ou seja: a
Operação Lava Jato continua a prometer novos e impactantes revelações
sobre o relacionamento espúrio entre os políticos e as grandes
empreiteiras.
Veja quem é quem na “lista da Odebrecht”
Colaboraram Lúcio Batista e Patrícia Cagni.
Confira a íntegra dos 12 arquivos | 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 |
da Odebrecht apreendidos pela PF | 7 | 8 | 9 | 10 | 11 | 12 |
Nenhum comentário:
Postar um comentário