Deu na ISTOÉ: O enrolado Marcos Play
Por Izabelle Torres, da ISTOÉ:
Fontes
da PF afirmam que o objetivo é esclarecer qual a relação do parlamentar
com a vítima e com suas amigas acusadas de promover e frequentar boates
acompanhadas de políticos. Caldas admite conhecer as garotas e
participar de festas em Teresina. Nega, no entanto, aproximação com
elas. Inclusive com Nayara, que, segundo as investigações, usava o carro
oficial do político para buscá-lo no aeroporto.
O deputado maranhense Marcos Caldas (PRB) sempre foi um político com
pouca expressão e sem prestígio entre mandachuvas de seu Estado. Ao
assumir a vice-presidência da Assembleia Legislativa, no ano passado,
ele também não se destacou nem apresentou projetos relevantes. Apesar
disso, uma sucessão de impedimentos dos sucessores naturais da
governadora Roseana Sarney o levou à cadeira de governador do Maranhão
por dez dias, enquanto a ocupante do posto viajava para os Estados
Unidos.
O breve reinado de Caldas, porém, acaba neste domingo 15 (na verdade
já acabou). O tempo que passou no cargo serviu para que inaugurasse
obras em seus currais eleitorais e visitasse correligionários usando
helicóptero oficial. Os compromissos eleitoreiros ofuscaram por alguns
dias o real problema que o deputado enfrenta desde o mês passado. Ele
foi incluído nas investigações da Polícia Federal sobre o assassinato de
uma estudante no Piauí e virou suspeito de envolvimento com uma rede de
prostituição interestadual.
O nome de Marcos Caldas, conhecido como Marcos Play, aparece em
escutas telefônicas com amigas da jovem Fernanda Lages, que morreu em
agosto de 2011, jogada de uma altura de 26 metros de um prédio de
Teresina. Uma delas é Nayara Veloso, que promovia festas e encontros de
figurões da política e empresários com belas estudantes.
Nayara foi presa acusada de esconder informações relevantes para as
investigações sobre o caso. Coincidentemente, quem fez sua defesa foi o
escritório de Ronaldo Ribeiro, um advogado do Maranhão que é amigo
pessoal de Marcos Caldas e costumava ir com ele ao Piauí.
O deputado conhecia a jovem assassinada, mas sempre negou
aproximação. Mesmo assim, a PF, que entrou no caso a pedido do
governador do Piauí, Wilson Martins, convocou o político para prestar
depoimento. Como tem a prerrogativa de escolher data e local, Caldas
ainda não depôs.

Conhecido pelo gosto por festas e relações com garotas de programa, o
governador interino do Maranhão também carrega outras suspeitas no
currículo, que tem mais a ver com sua conduta na vida pessoal do que com
corrupção política. Marcos Caldas estaria num veículo que atropelou
dois jovens em junho de 2011 e não prestou socorro. Também teria atirado
em um segurança. Como se vê, Marcos Play, o breve, tem muito a
explicar.
Do Brasil 247:
Acostumada a provocar CPIs, a revista Veja está prestes a se tornar
protagonista de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso
Nacional. Tudo em função das estreitas ligações entre o redator-chefe da
revista, Policarpo Júnior, e o contraventor Carlinhos Cachoeira. Os
dois trocaram mais de 200 telefonemas no último ano. Em conversas
interceptadas pela Polícia Federal, Cachoeira se vangloriou de ter
repassado diversos furos de reportagem ao jornalista – muitos deles,
fruto de grampos ilegais. Num outro diálogo, o bicheiro deu ordens a um
assessor para que buscasse Policarpo no “aeroporto pequeno”, num indício
de que talvez tenha mandado um avião particular buscá-lo.
Essa relação estreita fará com que a CPI de Carlos Cachoeira se
transforme também na “CPI da Veja”, como definiu o jornalista Ricardo
Noblat, do Globo. Por isso mesmo, nesta sexta-feira, discutiu-se na
Abril se a melhor saída não seria o afastamento de Policarpo – ainda que
temporário – para tentar estancar o problema. Até agora, Veja se
mostrou acuada e não defendeu abertamente seu redator-chefe.

Em situações anteriores, Veja adotou uma postura mais agressiva. Anos
atrás, quando alguns de seus jornalistas foram convocados a prestar
esclarecimentos pela Polícia Federal, a revista publicou editoriais,
reportagens e uma coluna de Diogo Mainardi repreendendo a atitude da PF.
A cautela de agora talvez decorra do desconhecimento sobre o teor total
dos grampos, que vêm sendo vazados seletivamente.
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A estratégia de gestão de crise da Abril é semelhante à que se adota
em governos. No Distrito Federal, o chefe de gabinete de Agnelo Queiroz,
Claudio Monteiro, pediu afastamento quando seu nome foi citado em
conversas com Carlos Cachoeira. No governo de Goiás, o procurador-geral
do Estado, Ronald Bicca, acaba de se afastar, numa estratégia de
contenção de danos.
Ocorre que Policarpo tem décadas de Veja e é querido na redação. É
simpático, afável e tem um histórico de serviços prestados à revista.
Por isso mesmo, a decisão ainda não foi tomada. Neste fim de semana, às
vésperas da CPI que investigará seus métodos, Veja dificilmente
conseguirá preservar o silêncio. A resposta virá na manhã deste sábado.
O alerta de Noblat já excita o jornalista Mino Carta, primeiro
diretor de redação da revista da Abril, que hoje comanda a sua Carta
Capital. Na edição desta semana, que acaba de chegar às bancas, ele
dedica a capa ao tema e enumera quem teria medo da investigação.
Seriam eles o senador Demóstenes Torres, os governadores Marconi
Perillo e Agnelo Queiroz, o procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal, e a revista Veja.
O deputado Fernando Ferro (PT/PE), que criou a expressão “PIG –
Partido da Imprensa Golpista”, já avisou que um dos primeiros convocados
será Roberto Civita, presidente da Editora Abril, que, caso a
convocação seja aprovada, experimentará constrangimento semelhante ao de
Rupert Murdoch, quando depôs no parlamento inglês para explicar a
utilização de grampos ilegais por seus jornalistas.
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