Esporte ‘turbinou’ reduto de Flávio Dino

No muro envelhecido do Estádio Duque de Caxias,"ampliado e reformado": "Nunca desista dos seus sonhos"
O ainda ministro do Esporte, Orlando Silva, econômico em termos de
envio de recursos para o Maranhão, tem sido generoso pelo menos para com
uma cidade do estado – Caxias, um dos redutos do seu correligionário e
atual presidente da Embratur, Flávio Dino (PCdoB).
Cidade comandada pelo prefeito Humberto Coutinho (PDT), patrocinador
explícito de todos projetos eleitorais de Dino, Caxias recebeu nos
últimos cinco anos quase R$ 4 milhões da pasta dirigida pelo comunista. A
quantia supera em mais de três vezes a destinada a São Luís no mesmo
período. A capital maranhense tem população sete vezes maior do que o
reduto do presidente da Embratur. Os dados são do Portal da
Transparência do Governo Federal.
Veja o quadro dos repasses desde 2006:
De 2006 a 2010 Caxias recebeu do Ministério do Esporte R$ 3,910
milhões. No mesmo período São Luís, que nos últimos três anos está sob o
comando de João Castelo (PSDB), que derrotou Dino nas eleições de 2008,
recebeu R$ 1,281 milhão.
São 11 obras ou ações do Programa Segundo Tempo bancados pela pasta
de Orlando Silva na cidade comandada por Humberto Coutinho, dentre elas
um “complexo oficial de atletismo” que já recebeu R$ 600 mil e que se
ficar pronto se resumirá a uma quadra poliesportiva e três piscinas
semiolímpicas. Até agora não existe nada feito.
Nas ações desenvolvidas em Caxias, com o dinheiro repassado pelo
Ministério do Esporte, tudo é muito frágil em termos de medição. O
Portal da Transparência mostra a liberação de R$ 312 mil para dois
“campos de beach soccer” e só se consegue ver ali duas quadras comuns,
uma delas com piso de areia, alambrado, batente de dois níveis que serve
como arquibancada e quaro postes com refletores de baixa potência. Não
tem nem muro de proteção. A outra quadra, pior ainda, na área de uma
escola, tem menos equipamentos e um dos postes está penso, ameaçando
cair.
Para a reforma do Ginásio João Castelo o ministério mandou R$ 400 mil
em 2007, diz o Portal da Transparência. No entanto, Humberto Coutinho,
parece não ter feito nada pelo menos até agora. “Tá péssimo, nunca
fizeram nada”, diz a atleta Alexamia Costa, 16. “Os banheiros estão
horríveis. Os vasos não tem descarga”, completa Mariana Mesquita, 17.
Patrocinador e copiloto
Para o ex-juiz federal, Humberto Coutinho é tudo. O presidente de
fato do PCdoB no Maranhão não teria ido a lugar nenhum, em termos
eleitorais, não fosse o jeitão de Coutinho de comandar eleições na base
do “fechamento” de redutos. Em 2006 Dino ganhou de HC, como é conhecido o
prefeito, o único mandato que teve até hoje, de deputado federal, com
votações retumbantes em cidades nas quais não era nem conhecido.
Em 2010, às vésperas da campanha para o Governo do Estado, Dino, sob
lentes de filmadoras, disse que Coutinho era modelo de honestidade e
que, de tão amigo, seria uma espécie de copiloto seu quando chegasse ao
Palácio dos Leões. Não chegou, ficou no meio do caminho, derrotado por
Roseana Sarney (PMDB) ainda em primeiro turno.
Roseana Sarney (PMDB) ainda em primeiro turno. Reveja o vídeo:
Humberto Coutinho já pilotou, sim, escândalos, inclusive em rede
nacional, quando o Jornal Nacional da Rede Globo constatou que ele
servia comida estragada para as crianças das escolas municipais e pagava
a um vereador correligionário por toneladas de carne bovina que nunca
foi servida na merenda escolar.
Da eleição de 2006, o prefeito de Caxias saiu deixando provas de que
funcionou como um dos “lavadores” de dinheiro para o funcionamento da
chamada “cooperativa de candidatos”. Ele recebia emendas da Secretaria
de Saúde, simulava processos de licitação, comprava notas frias e fazia
com que “laranjas” depositassem o resultado de tudo na conta dos filhos
de Aderson Lago, na chamada “Operação Ópera Prima”.
Informações/Décio Sá
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