Para onde querem levar este país? Lá
no mundo mitológico Caos, deus da desordem, falou: Querem incendiar a nação e levá-la
a uma ditadura imprevisível movida por um tresloucado maniqueísmo: eu sou
Cristo e o meu adversário Lúcifer.
Ante este entrechoque, sobressalta-se
o povo brasileiro.
Disto tudo, agravado por uma crise
mundial e um furor político em que se acumpliciam a incompetência de uma gestão
e a irresponsabilidade
Escritor
Agassiz Almeida de uma
oposição quixotesca sem um Projeto Brasil,
o país queda-se sem rumos.
Assiste-se a um teatrão. Shakespeare nele
se perderia na criação de seus personagens, embaralhando Macbeth e Eduardo
Cunha, Hamlet com Pesão.
Face a este cenário surrealista que
caminho encontrar? Erige-se um semideus da moralidade, em torno de quem a justiça
é o princípio e o fim; suas decisões despejadas do Olimpo, contra elas não
existem apelações ou habeascorpus.
Como um impacto divulgatório deste
autoritarismo adentra-se pelos lares de milhões de brasileiros, uma poderosa
mídia televisiva e lança sobre a nação 24 horas de carga informativa com
escândalos e tragédias.
Que dramalhão midiático! Expõe nomes e
rostos de acusados à execração pública.
Repete por dias e meses orquestração
massacrante, numa verdadeira trama novelesca de que um ex-presidente presenteou
há 40 anos sua amante; outro ex-presidente adquiriu um apartamento tríplex e sítio
no interior de São Paulo. Por epílogo, espetaculariza decisões autoritárias do
juiz da LavaJato.
Como membro do Ministério Público asseguro que o juiz coordenador da LavaJato
atropela afrontosamente a legislação penal, confundindo crimes de
enriquecimento ilícito e delitos eleitorais. A ação delituosa se tipifica pelos
fins objetivados pelo agente do crime.
Olhemos
a história. Lembrai-vos de 1954, 1961 e 1964. Na ditadura militar um major do
exército, cheio de poder e prepotência, ordenava o comparecimento forçado do ex-presidente
Juscelino Kubitschek a uma guarnição militar; meio século depois, um juiz de 1º
grau comandando uma operação investigativa baseada em “delações premiadas”
arrancadas de atemorizados prisioneiros, com tentáculos que alcançam até
compras de barcos, fogões e presentes para crianças, determinou numa decisão
rocambolesca a condução coercitiva do ex-presidente Lula para depor numa
delegacia de polícia.
Que ópera-bufa se assiste, ontem como hoje!
Esta
operação LavaJato me lembra a obra de Charlie Chaplin “O grande ditador”, na
qual retrata a ira de um juiz que em meio a dezenas de acusados, lança as suas
sentenças só contra um deles.
Esta interrogação perturba a nação: A
corrupção para fins eleitorais só grassa no PT, nos outros partidos, não?
E nesta parafernália o país é sacudido por
um ruído esquizofrênico vindo de São Paulo provocado por promotores de justiça,
a se desandarem nesta excrescência, peticionam pela prisão do ex-presidente
Lula.
Olhemos
as lições que a história nos legou.
Cessem a volúpia encarniçada pelo poder,
antes que um furacão arraste a nação a uma guerra fratricida.
Cessem de inflamar o povo brasileiro ao
ódio, levando-o às ruas para o desaguar de paixões desenfreadas.
Do
ódio e do fanatismo explodem as guerras civis.
Nota: Agassiz Almeida é escritor, ativista dos direitos
humanos, deputado federal constituinte de 1988, promotor de justiça aposentado,
autor de obras clássicas da literatura brasileira sobre o elitismo e o
militarismo. É considerado pela crítica como um dos grandes ensaístas do país.
(Dados colhidos no Google e na Wikipédia).
Obs.: Cristovam Buarque
e Agassiz Almeida estão escrevendo este livro:“Por que o Brasil ainda não deu
certo”.