VALDIVINO GUEDES
80 ANOS
VEJA A HOMENAGEM DOS FILHOS, NETOS E BISNETOS DEDICADA A ELE NO ULTIMO DIA 09/09/2012
- Meu Pai -
No sertão maranhense, na Fazenda Cana Brava, município de Mirador, nasceu Valdivino Guedes da Silva, em 9 de setembro de 1932.
Filho de uma bela índia da aldeia da Travessia, da tribo Canela que se casou com um jovem descendente de europeu. Benta Ribeiro e Hortêncio Guedes tiveram mais um filho biológico, Valdemar, e seis adotivos.
O menino Valdivino, cresceu naquele lugarejo tornando-se um lindo rapaz que fazia bater o coração das meninas de toda a região. Galanteador, festeiro, aproveitava a vida de forma boêmia, pois sua família assim o permitia.
Sem muita preocupação com a vida, resolveu fazer o curso de alfaiate exercendo a profissão durante algum tempo. Nas idas e vindas, avistou uma bela moça, que chegou à cidade causando alvoroço no meio da rapaziada. O jovem Valdivino dizia que se não fosse noivo, casava-se com a linda jovem Isabel, que também era noiva.
Depois de um tempo, os dois desfizeram seus noivados e após muita insistência do galanteador Valdivino, Isabel aceitou o namoro. Com poucos dias de namoro, foram a uma Quermesse onde o padre realizava casamentos no “queima”. Nesse momento, Valdivino pergunta se a jovem Isabel tem coragem de casar com ele e ela responde que sim, desde que sua família a aceitasse, pois ela não entrava onde não a quisessem. Surpreso Valdivino pergunta:
- Tu ainda é desse tempo? Eu quero saber se TU quer casar comigo.
Onde ela afirma: Só se me quiserem na sua família!
Valdivino, então, corre atrás de acertar as famílias e todos concordaram. Em poucos dias, ele com 22 anos e ela com 19, casaram-se, em Barriguda.
Nos primeiros anos de casado o jovem manteve sua vida de boêmio, mas sempre afirmando que amava mesmo era Isabel. Abandonou o trabalho de alfaiate entendendo que essa profissão não servia para sustentar sua família.
No segundo ano de casados, chegou seu primeiro filho, Isaias... o segundo... o terceiro..E depois, como ela mesma afirma, não pararam mais, ao ponto de ter dois no mesmo ano.
Em 1960 após a morte do pai, resolveram mudar-se para João Lisboa, próximo da família da esposa, deixando para trás uma vida de regalia e abundância.
João Lisboa lhes reservava muitas surpresas. Foram, talvez, os piores anos de suas vidas. Vieram mais 5 filhos e as dificuldades foram crescendo. O surto de malária abateu toda a família, dentre outras doenças. O último bem que lhes restava, a casa, foi vendida para cuidar da saúde. Valdivino vai aventurar a vida no garimpo e fica por algum tempo longe da família. Nesse período, Isabel se aproximou da igreja evangélica e se converteu, quebrando a tradição católica da família. Valdivino não aprovou sua decisão, chegando a impedi-la de frequentar os cultos. Mas, foi a igreja quem os amparou, nascendo ali verdadeiros amigos. O que fez com que Valdivino se acostumasse e, ainda que não quisesse se converter, permitia que a mulher e os filhos fossem à igreja.
Com a esperança de dias melhores, em março 1968 saíram de João Lisboa para a Colônia Gurupi, onde a vida mudou radicalmente. Ao contrário de João Lisboa, lá eles viveram melhores e mais abundantes dias.
No vigor de seus 30 e poucos anos, movido pelo desejo de dar o melhor para sua família e traumatizado pela vida em João Lisboa, Valdivino enchia-se de força e coragem e trabalhava noite e dia sem parar. Aproveitava as noites de lua cheia para cercar a terra e adiantar o serviço, pois começara tudo do zero e, já na madrugada, estava acordado para o trabalho do dia seguinte. Participava ativamente das atividades da Cooperativa Gurupi chegando a assumir o cargo de secretário...
Assim, seguiam-se os dias...
Nasceram mais 6 filhos, que cresceram em melhores condições, tendo boa escola e bom atendimento médico, uma vez que a Colônia fazia parte de um projeto missionário americano, com a colaboração de mais cinco países, coordenado pelo Dr. Ivo e D. Úrsula, amigos da família até hoje.
Foi na Colônia que Valdivino viu a oportunidade de encaminhar seus filhos imprimindo-lhes os valores éticos e morais, e princípios espirituais que serviria de base para o caminho que cada um mais tarde escolheria seguir.
Havia um local na colônia muito especial, o Barracão. Lá, aconteciam cursos para as mulheres, cultos, EBD´s, cinema e a famosa festa da colheita... Foi neste local, num culto, que D. Isabel não pode ir, Valdivino, a pedido dos filhos foi acompanha-los, e teve um encontro marcante com Cristo. O que fez dele um homem mais completo, pois agora, além de trabalhador, bom caráter, cuidadoso, tinha o entendimento espiritual para orientar e cuidar melhor da família. Isso fez toda a diferença.
Nos anos setenta, surgiu a 1ª igreja Cristã Evangélica da Aliança em Açailândia e o projeto Gurupi foi encerrado. Durante alguns anos, a família intercalava a vida entre a Colônia e Açailândia.
Os filhos foram crescendo e a grande preocupação do casal era com o estudo, não queriam que parassem de estudar e contou com o apoio de várias famílias amigas que recebiam seus filhos para o período letivo, mesmo com o coração apertado a cada ano Valdivino encaminhava um a um primeiro para as cidades mais próximas e depois foram ganhando asas e se firmando em outras cidades mais distantes. Isabel ficou doente e, Valdivino vendeu as terras na Colônia. Mudou-se para Açailândia definitivamente.
Hoje no alto dos seus 80 anos pode contemplar as misericórdias e bênçãos de Deus que o faz ver seus filhos prosperarem, seguindo seus ensinamentos e seu exemplo de um Homem sábio, de poucas e sinceras palavras, íntegro, fiel, temente a Deus e dedicado a família.
Pai esta é uma homenagem de sua esposa, Seus 14 filhos ( 02 im memórim), seus 40 netos e seus 09 bisnetos.
Que seu exemplo possa continuar vivo em cada um dos seus descendentes e que as gerações futuras possam continuar aprendendo com a sua história.