Policiais civis do
Acre prenderam na manhã desta quarta-feira um amigo do estudante de psicologia
Bruno Borges, desaparecido desde 27 de março. Marcelo de Souza Ferreira, de 25
anos, foi preso em casa por falso testemunho e está sendo ouvido pelo delegado
Alcino Júnior, responsável pelo caso.
Cumprindo mandado de busca e apreensão na manhã desta quarta, a
polícia encontrou um documento assinado por Marcelo e Bruno em que eles firmam
uma sociedade para o lançamento do "Projeto Enzo" e dos 14 livros
criptografados por Bruno. O contrato foi redigido em 10 de março, 17 dias antes
do desaparecimento do estudante, e teve firma reconhecida no dia em que Bruno
sumiu. O estudante de psicologia deixou 14 livros, uma estátua de dois metros e
diversas mensagens misteriosas em seu quarto.
De
acordo com a polícia, em seu primeiro depoimento, o amigo de Bruno negou
envolvimento com o projeto, com a obra do rapaz ou com o seu sumiço. Marcelo
ainda será indiciado por porte de drogas — dois cigarros de maconha foram
encontrados na casa dele pelos policiais.
Além do mandado de busca e apreensão contra Marcelo, a polícia
cumpriu outro mandado, na casa de Márcio Gaiote, outro amigo de Bruno. Mas ele
não foi encontrado porque, segundo a Polícia, está fora do estado. Na casa de
Márcio foram achados um rack de Bruno e a cama do estudante sumido.
Segundo o documento, Marcelo teria o benefício de 15% do
faturamento bruto do projeto e dos livros vendidos e receberia o valor todo o
dia 10 de cada mês. Ainda segundo o contrato, o lançamento deveria ser feito
até o fim de abril e Marcelo deveria manter sigilo sobre tudo por "pelo
menos três anos, sob pena de enquadramento no descumprimento contratual".
Em um dos parágrafos, Bruno ainda exime o amigo de qualquer
obrigação cível, trabalhista ou criminal que surgisse em razão do projeto e
afirmou que todo o lançamento seria feito somente por ele e que Marcelo não
poderia participar.
Família sai em defesa de Bruno Borges
O empresário Athos Borges, pai do estudante, disse ter ficado
surpreso com a prisão de Marcelo Ferreira. Segundo Athos Borges, a polícia já
tinha descoberto que ele e Márcio Gaiote, o outro amigo, ajudaram Bruno no
planejamento do desaparecimento.
- Os dois ajudaram a retirar os móveis do quarto e também
ajudaram na elaboração do contrato - disse o empresário.
Perguntado se sumiço do filho foi uma jogada de marketing, Athos
Borges frisou que Bruno não é apegado a dinheiro.
- Se foi uma jogada de marketing, foi a maior que já vi na vida.
O Bruno nunca foi apegado a dinheiro. Acho que tudo isso é uma coisa muito
maior - acrescentou o pai, dizendo não imaginar o que seja.
- Só sei que é um sofrimento muito grande. Tanto de manhã quanto
na hora de dormir - finalizou.
Segundo escreveu a irmã de Bruno, Gabriela Borges, em sua página
no Facebook nesta quarta-feira, a família já sabia do contrato sobre direitos
dos livros e fará, em breve, o lançamento da primeira obra. Ela ainda garante
que as pessoas sempre tentam encontrar um meio pra denegrir a imagem de alguém
do bem.
"Que casa que caiu? A nossa está de pé e esperando pelo retorno do Bruno. Desde o dia do desaparecimento soubemos do contrato, e isso nunca nos disse muita coisa a respeito. Até porque, para que os planos do Bruno deem certo, ele precisa de dinheiro. Afinal, não dá pra construir hospitais e ajudar quem precisa só com amor no coração. Então nem comecem com nhenhenhe!! Qual o problema ele fazer um contrato para ajudar amigos que o ajudaram?. O problema é que sempre tentam encontrar um meio pra denegrir a imagem de alguém do bem. As pessoas não conseguem suportar a ideia de que existe gente boa nesse mundo, com planos só de ajudar o próximo.É falta de amor, de empatia. É medir o outro pela sua própria régua. Quem conhece Bruno sabe exatamente do que passa em seu coração e qual a sua verdadeira intenção com a publicação da sua obra, que por sinal, é muito interessante. Em breve teremos o lançamento do primeiro livro."
Por; Gabriela Viana, Célia Costa, Rodrigo Bertolucci e Marta Szpacenkopf