Flávio Dino diz que equipamento que poderia ter salvo seu filho estava quebrado
De O Globo:
- Quando há esquema político na área da Saúde não se resolve os
problemas e as pessoas morrem – advertiu em voz alta Flávio Dino (PC do
B), ex-deputado federal, juiz federal por 12 anos e atual presidente do
Instituto Brasileiro do Turismo (Embratur), durante o sepultamento do
corpo do seu filho Marcelo, de 13 anos, ontem, em Brasília.
Ao lado de Dino, em uma das salas de velórios do Cemitério Campo da
Esperança, estava Agnelo Queiroz, ex-PC do B, governador do Distrito
Federal eleito pelo PT. E pelo menos mais 200 pessoas, entre elas
algumas das cabeças coroadas da República, como o vice-presidente Michel
Temer, o presidente do Senado José Sarney e Gilmar Mendes, ministro do
Supremo Tribunal Federal.
Dino escolheu Agnelo para despejar sobre ele todo o seu desespero.
- Não é possível alguém morrer de asma dentro de uma UTI, Agnelo.
Esse hospital [de Brasília] matou meu filho. Por que não me mataram? Eu
preferia mil vezes estar naquele caixão no lugar dele.
Agnelo tentou consolar Dino – em vão. Um dos políticos mais
promissores do Maranhão, candidato a prefeito da capital em 2008 e a
governador do Estado em 2010, Dino segurou Agnelo pelo braço e
continuou:
- Vou enterrar meu filho sem saber direito por que ele morreu. Você
sabia que a necrópsia do corpo não foi completa por que tem equipamentos
quebrados no Instituto Médico Legal? – perguntou Dino a Agnelo. Que
calado estava, calado continuou,
- Quando meu filho parou de respirar na UTI do hospital, tentaram
reanimá-lo, mas o equipamento usado para isso estava quebrado.
Providenciaram outro, mas quando ele chegou já era tarde.
Àquela altura, assessores de Agnelo haviam sugerido que ele se
despedisse de Dino e saísse rapidamente. Agnelo ouviu o último conselho
de Dino:
- Faça pelo menos uma coisa no seu governo: interdite os hospitais de
Brasília. Interdite. Vou te ligar diariamente cobrando isso.
Marcelo Dino Fonseca de Castro e Costa morreu no início da manhã da
última terça-feira na UTI do Hospital Santa Lúcia – um dos maiores de
Brasília. Ali havia sido internado pouco depois do meio-dia da
segunda-feira. Fora vítima de uma crise de asma quando praticava
esportes no Colégio Marista,onde cursava o 9º ano do Ensino Fundamental.
A suspeita de negligência e de erro médico está sendo investigada
pela polícia, o Ministério Público e o Conselho Regional de Medicina do
Distrito Federal.
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