SEXTA-FEIRA, 20 DE MARÇO DE 2015
Em entrevista coletiva, prefeita Gleide Santos afirma ter provas. Presidente da Câmara Municipal, Anselmo Rocha tem seu nome citado. O denunciante, Adriano Sousa da Rocha, parente do vereador-presidente Anselmo, morreu após depor na promotoria do município, onde relatou tudo que sabia sobre o suposto esquema de propina.
Oito vereadores dos 17 que compõem a Câmara Municipal de Açailândia são acusados de receber propinas para aprovar projeto que previa a instalação da Aciaria Aço Verde, no município. De acordo com o apurado pelo Maranhão em Foco, a Aciaria a ser instalada em Açailândia é a primeira do Maranhão. Ela possui a capacidade de produzir 600 mil toneladas de vergalhões e fio máquina, ao ano.
Instalações da empresa Aço Verde Brasil, em Açailândia. A empresa é a primeira do Maranhão/Foto/Ferroeste
A Aço Verde Brasil, é de propriedade do Grupo Ferroeste, que é presidido pelo o empresário mineiro,Ricardo Nascimento. A empresa deveria começar a operar no primeiro semestre de 2015. O investimento foi da ordem de R$ 700 milhões. Até o momento nada funciona.
A instalação da aciaria no município é de suma importância, isso porque vai gerar centenas de empregos, além de que, a empresa é vista como uma saída para a crise que o setor siderúrgico do Maranhão vem enfrentando a quatro anos.
Ocorre, porém, que para se instalar no município, o líder do grupo Ferroeste, Ricardo Nascimento teria pago cerca de R$ 50.000.00 (cinquenta mil) para que o grupo de dez vereadores aprovasse o projeto.
Toda a história foi relatada a Promotora de Justiça Titular da 1º PJ/Açai, Glauce Mara Lima Malheiros. Segue o depoimento na integra: No dia 23 de Maio de 2014, sexta feira, às 10 horas, na sede da 1º Promotoria de Justiça de Açailândia/MA, o Sr Adriano Sousa da Rocha compareceu para prestar esclarecimentos no Procedimento Administrativo nº 01/2014 - 1º PJ/AÇAI, instaurado para apurar o pagamento de propinas a vereadores de Açailândia para aprovação de projeto de lei.
Ao ser questionado, Adriano Sousa, afirmou que é sobrinho do vereador Anselmo. O depoente ainda afirmou que sempre trabalhou como cabo eleitoral, pedindo votos para o tio no bairro do Jacu, em Açailândia. Adriano é sobrinho também da vereadora Lenilda Costa, ex- presidente da Câmara Municipal. Ela é irmã do vereador Anselmo, para quem perdeu a eleição.
Adriano Sousa procurou Lenilda e lhe contou toda a história, ainda em fevereiro. A história sobre a propina, segundo o delator: No mês de dezembro de 2013, o vereador Anselmo entrou em contato com Adriano pedindo que o mesmo fosse ao Banco do Brasil sacar um cheque e que para tanto o declarante receberia a quantia de R$ 500,00 (quinhentos reais).
Ao entregar o cheque para Adriano, o vereador Anselmo pediu ao mesmo que mantivesse a transação bancaria em segredo e não contasse nem a sua própria mãe. Ao receber o cheque, segundo Adriano, o mesmo constatou que a titular era uma empresa: Mecamóvel Construções.
Ainda segundo consta no termo de declarações, dias após realizar essa operação, Adriano se encontrou com Anselmo, no Armazém do vereador, já que ele além de ter mandato, é comerciante. Durante uma conversa informal, o parlamentar teria confessado que o cheque era pagamento para aprovação de um projeto de lei, que havia sido negociado com o empresário Ricardo Nascimento.
Adriano ainda foi informado de que, a empresa que entregou o cheque,MecaMóvel Construções, teria recebido o valor de R$ 50.000.00 (cinquenta mil reais), da Aciaria e depois distribuiu dez cheques, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para 10 vereadores.
Segundo o delator, os vereadores que teriam recebido propina são os seguintes: Diomar Freire, Pastor Vagnaldo, Márcio Aníbal, Carlinhos do Fórum, Fátima Camelo, Bento Camarão,Professor Pedro e Anselmo, esse último consta como o lobista no depoimento. Em fotos obtidas pelo o Maranhão em foco, os vereadores citados aparecem visitando as instalações da empresa. A prefeita Gleide Santos afirmou nesta sexta feira (20) ter provas e que o PMDB entrará com uma Ação Civil Pública contra os oito vereadores.
Adriano Sousa disse acreditar que todos os cheques foram sacados ainda em dezembro do ano passado. E disse mais, no momento em que Anselmo lhe contou isso, o mesmo estava sozinho com ele no armazém. Em janeiro de 2014, novamente o vereador ligou para Adriano ir trocar outro cheque, dessa mesma negociação, mas como ele custou chegar, Anselmo recomendou que seu filho fosse sacar.
O referido cheque seria de R$ 3.800,00 (três mil e oitocentos reais), tendo sido entregue a Adriano somente trezentos reais, mas como o mesmo não viu o cheque, não soube dizer ao certo o valor expresso. Esse cheque também foi emitido pela a empresa MecaMóvel Construção.
Anselmo ainda teria, segundo depoimento, afirmado que havia mais dinheiro pra sair, a respeito da aprovação do projeto de lei que permitia a instalação da Aciaria, pois o valor combinado para cada vereador seria R$ 20.000.00, porém como vazou informações sobre a negociação, não soube mais sobre o pagamento.
Adriano Sousa relatou ainda que viu o vereador Anselmo recebendo uma ligação de uma vereadora da casa, Diomar Freire, perguntando sobre o restante do dinheiro da negociação citada, mas como o parlamentar não sabia, o mesmo ligou para um sócio da empresa que teria fornecido os cheques, perguntando sobre quando iria sair o restante do dinheiro da negociação da aprovação do projeto de lei. O homem também não sabia a resposta.
Os fatos narrados por Adriano Sousa, só eram até então de conhecimento da esposa dele, da vereadora Lenilda e de seu esposo, ex-deputado estadual Irmão Carlos. O delator relatou ainda que enquanto ia trocar cheques presenciou pessoas de confiança de vereadores também na agência, provavelmente realizando saques da mesma negociação.
O Maranhão em Foco apurou que o Adriano Sousa morreu meses após depor, a causa da morte teria sido uma parada cardíaca, mas segundo informações, ele teria passado a receber ameaças constantes, como por exemplo, cartas anonimas.
Na manhã desta sexta feira (20) a prefeita Gleide Lima Santos (PMDB) convocou a imprensa do município para dar uma coletiva. Na oportunidade afirmou que o partido da qual a mesma pertence, PMDB, entrará com uma ação civil pública contra os vereadores citados. Afirmou também que tem provas que comprovam o propinoduto. Vejam as afirmações feitas pela a gestora no vídeo abaixo.
https://www.youtube.com/watch?v=KFxfLIUBDvo
A repercussão foi imediata, alguns vereadores já trataram de negar por meio de suas paginas no Facebook, que tenham recebido qualquer valor. A prefeita, porém afirma e reafirma ter provas.
Texto na íntegra do site Maranhaoemfoco.com
Maicon Sousa/ Maranhão em Foco.com
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