Filmes de casamento ganham superproduções
Noivos
investem em tecnologias dignas de Hollywood para as tradicionais filmagens de
casamento
Durante sua festa de casamento, realizada no último dia 1º
num bufê em Moema, a dona de casa Deyse de Oliveira brindou com os amigos, se
esbaldou na pista de dança e arremessou o buquê. Ela usava um longo vestido
branco bordado, enquanto o homem ao seu lado trajava um colete preto acoplado a
uma estrutura metálica dotada de braços articulados com molas e ligados a uma
câmera digital. Responsável por esse equipamento, o cinegrafista Clayton
Andrade captou as imagens com o efeito especial que faz takes em movimentos
suaves como se estivesse flutuando pelo ambiente, criando no espectador a
sensação de que se está vendo a cena com os próprios olhos. Enquanto Andrade gravava
os acontecimentos, o noivo, Rui Pinheiro, ficava por perto, acompanhando tudo.
Além de Clayton, outros onze profissionais da mesma produtora de vídeo
desdobravam-se para preparar outras partes do filme. “Tinha de ser perfeito, já
que é a única coisa que vou poder guardar desse dia tão especial”, explicou
Deyse. “Por isso valeu o investimento.” Para realizar o sonho, o casal
desembolsou quase R$ 60.000,00, o equivalente a 15% do custo total da
comemoração. O escolhido para a missão especial foi Reynaldo Cavalcanti, dono
da produtora Foto Studio Equipe, responsável pelas filmagens de cerimônias como
a de Patrícia Abravanel, uma das herdeiras do SBT, em 2004. “Hoje, quase 10%
dos clientes optam por superproduções em suas festas”, diz ele.
Para garantirem o resultado cinematográfico, as empresas do
ramo adotaram um maquinário até pouco tempo atrás restrito aos sets de
longas-metragens. Entre as opções agora disponíveis estão a grua, uma espécie
de câmera voadora ligada a um pedestal de ferro, responsável pelas cenas
aéreas, e a steadicam, acoplada ao tal colete usado pelo cinegrafista Clayton.
Os preços para essas filmagens começam perto dos R$ 10.000,00 e podem chegar a
cifras até dez vezes maiores. Para efeito de comparação, uma versão simples de
vídeo custa perto de R$ 5.000,00. É um mercado e tanto, ainda mais em uma
cidade como São Paulo, que deve registrar um total de 80.000 casamentos em
2012. “A estimativa é que essas cerimônias movimentem mais de R$ 1,5 bilhão”,
estima Cristofer Mickenhagen, vice-presidente da Associação dos Profissionais,
Serviços para Casamento e Eventos Sociais.
A profissionalização das filmagens se estende também à
exibição do trabalho. Um dos recursos mais procurados é a transmissão
instantânea. Poucas horas depois da cerimônia (ainda durante a festa), as
imagens já podem ser exibidas em um telão. “Para isso, instalamos ilhas de
edição móveis no local”, conta Cavalcanti. Os noivos mais ousados podem ainda
alugar um helicóptero para registrar do alto a movimentação nos arredores da
igreja e do salão. O luxo representa um acréscimo de R$ 20.000,00. “Outra febre
são os vídeos compactos que enviamos pela internet”, diz Vinicius Credidio,
dono da produtora que leva seu nome. Como a versão completa pode levar até
quarenta dias para ficar pronta, as empresas passaram a vender clipes de até
dez minutos, que são encaminhados por e-mail em duas semanas. Muitos clientes
postam o material no Facebook. É possível também incrementar a produção com
animações. Foi o que fez Ludmila Araújo, que se casou em setembro e, na
ocasião, desembolsou R$ 30.000,00 pelo vídeo, que inclui a narração da história
de como conheceu o marido. “Encomendei algumas cenas com cartoons para um
roteiro que eu mesma escrevi”, relata. Há quem estenda a produção até a lua de
mel. “Já acompanhei viagens a Las Vegas e Orlando”, afirma Cavalcanti. “Mas
paro de filmar antes de o clima esquentar”, brinca ele.