Região centro-sul precisa criar novos postos de coleta e distribuição de sangue
A
região centro-sul do Estado do Maranhão possui apenas um núcleo de
captação e abastecimento de sangue, o Hemomar de Imperatriz, que é
responsável pelo atendimento de uma área entre os municípios de Balsas a
Buriticupu. A carência de postos de captação e distribuição de sangue
no interior do Estado compromete a eficiência dos serviços prestados à
sua população, havendo, portanto, a necessidade de criar novos postos
nesta região.
Mensalmente são coletadas pelo Hemomar de Imperatriz, 1200 bolsas de 400
ml de sangue para atender a demanda citada, dessas bolsas coletadas,
10% estão inaptas ao uso, devido ao diagnóstico de alguma doença. Entre
as doenças mais frequentes estão as DSTs, a hepatite lidera o ranking
dessas doenças. Considerando este fator e a grande demanda desta região,
seriam necessárias pelo menos 1600 bolsas mensais.
Atualmente estão cadastrados no Hemomar de Imperatriz 59.830 doadores,
desses, aproximadamente 10.000 não comparecem com regularidade. A
enfermeira Ana Isabel, responsável pelo setor de coleta ressalta que
este órgão necessita admitir profissionais qualificados para fazer um trabalho permanente
de conscientização e sensibilização junto à população sobre a
importância de manter a regularidade das doações de sangue, podendo ser
um assistente social ou mesmo uma assessoria de comunicação.
Para remediar a carência desses profissionais, alguns servidores do
hemomar, entre os quais, a enfermeira Ana Isabel, o Dr. Fernando Duarte e
Dr. Antônio Felício (bioquímico), se desdobram, muitas vezes deixando
seus setores desassistidos para realizarem palestras em empresas de
grande porte visando mobilizar a sociedade a realizar este gesto tão
nobre e que salva vidas, que é a doação de sangue.
Outro fator que dificulta uma maior eficiência dos trabalhos
desenvolvidos pelo hemomar de Imperatriz, e, até limita o trabalho dos
servidores deste órgão é a falta de autonomia financeira, pois, com a
dependência total e irrestrita a São Luís, muitas iniciativas são
inviabilizadas antes mesmo de serem apresentada à sociedade.
Problemas à parte, o trabalho desenvolvido pelo hemomar de Imperatriz é
de fundamental importância para a sociedade, declara a enfermeira Ana
Isabel, pois, a doação de sangue além de ser um ato de solidariedade e
cidadania, também contribui na identificação de doenças, ou seja, ajuda a radiografar o quadro de saúde da população que se dispõe a integrar esta rede.
O doador Airton Silvino, 18 anos está doando pela primeira vez, ele
declara que este era um desejo antigo. “Sempre tive vontade de doar,
pois, este gesto ajuda a salvar vidas”.
A doadora Marineide de Moura Melo, 47 anos, declara que é a primeira
vez que está doando, e que foi incentivada pelos seus três filhos,
doadores há seis anos. “Este é um gesto espontâneo e muito gratificante.
A sensação é de ajudar a salvar vidas”, ressalta Marineide. Maria
Aparecida, doadora desde 2011, disse que na época que realizou este ato
foi para ajudar sua mãe que estava internada precisando de sangue, desde
então, percebeu o significado desse ato e passou a doar regularmente.
“Meu sentimento ao doar é de que algum dia eu também possa precisar
desse ato de solidariedade, por isso, sou doadora.”
A doação de sangue pode ser espontânea e direcionada, acrescenta a
enfermeira Ana Isabel. Na modalidade espontânea, o sangue é destinado a
qualquer pessoa que dele precisar, enquanto que na doação direcionada o
sangue só pode ser destinado à pessoa especificada na doação. O problema
deste tipo de doação é que muitas vezes o sangue pode perder a sua
validade se não for utilizado no intervalo de 30 dias.
Conhecendo o processo de doação de sangue – O
doador ao chegar à recepção do Hemomar faz um cadastro. A partir dali é
realizada a primeira etapa da doação de sangue, chamada de exame
hematócrito, que é o teste de anemia. Depois do teste, o doador passa
por uma triagem médica, onde é realizada uma entrevista para conhecer os
hábitos e costumes do doador em relação à sua saúde. Nesta conversa é
feito um mapeamento de possíveis riscos. Se na triagem realizada o
candidato à doação for considerado de hábitos seguros, ele será
encaminhado a uma sala onde fará um lanche, logo em seguida fará a
coleta de sangue. O processo de captação de sangue dura em média entre 5
a 15 minutos. Deste sangue coletado (400 ml) é retirada uma amostra de
20 ml que será enviada a São Luís para análise. O resultado desta
análise é dado em três dias. Se for diagnosticado algum problema, o
doador será notificado a fazer a coleta de uma nova amostra, para ser
novamente analisada. O resultado da segunda amostra sai em 60 dias. Se
confirmado o diagnóstico inicial, o doador será convocado a comparecer
ao hemomar e considerado inapto para a doação. Ele será encaminhado a um
serviço especializado para fazer o tratamento necessário.
“A facilidade de realização destes exames tem motivado boa parte dos
doadores a procurar o Hemomar para fazer doações. Entre os motivos que
mais inviabilizam a doação de sangue estão: o comportamento de risco na
vida sexual; ter feito tatuagem há um ano da data da doação; ter fumada
uma hora antes da doação; fazer uso de drogas e álcool”. acrescenta a
enfermeira Ana Isabel.
Trajetória e conservação do sangue coletado: Depois
de coletado, a bolsa de sangue é enviada para a sala de produção, onde é
realizada a separação do plasma e das plaquetas. A validade das
plaquetas é de apenas 5 dias. Ela deve ser acondicionada em uma máquina
sobre agitação constante a uma temperatura ambiente de 20º a 22º graus
célsius. Já o plasma, depois de congelado tem uma validade de um ano.
Inicialmente ele permanece em um freezer a uma temperatura negativa de
-78º C durante o período de 24 a 48h, onde é congelado. Depois é
transferido para outro freezer, que ficará a uma temperatura negativa de
– 30º C, declara o bioquímico, Dr. Antônio Felício. Apesar deste órgão
ter um funcionamento bastante complexo, a criação de novas unidades vai
facilitar o salvamento de vidas.
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