sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Trabalhador abandonado por patrão morre em Açailândia


Faleceu na manhã desta segunda-feira, 03/08 no hospital municipal de Açailândia, o trabalhador rural João Batista Cordeiro (foto), conhecido como Ceará que esperava em Açailândia audiência para acertos trabalhistas com seu ex-patrão. Há mais de cinco meses Ceará estava doente com suspeita de intoxicação. 

João Batista trabalhou durante mais de um ano com o mesmo fazendeiro em Dom Eliseu no Pará e durante todo o mês de março trabalhou aplicando veneno na juquira da Fazenda onde trabalhava. Após se sentir muito mal Batista foi conduzido por seu patrão a farmácias em Açailândia, mas como por lei não se pode obter medicamentos sem receituários médicos, João Batista acabou abandonado sem pagamento pelo trabalho prestado e sem nenhum auxilio medicação.

Em março Ceará solicitou apoio jurídico do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Carmen Bascarán – CDVDH/CB, para resolver problema trabalhista e denunciar a fazenda onde trabalhava. O mesmo foi acolhido pela equipe do Centro de Defesa e se encontrava muito doente. O trabalhador logo foi encaminhamento para o hospital municipal de Açailândia como primeiro ato do Centro de Defesa.

Nos seus relatos ao Centro de Defesa João Batista denunciou que aplicava veneno sem nenhum equipamento de proteção. Após oito dias de trabalho passou a se sentir mal com fortes dores de cabeça e tontura. O trabalhador apresentava ainda inúmeros caroços pelo corpo. Nas ultimas semanas a saúde de Ceará havia se agravado e por inúmeras vezes foi levado ao hospital municipal que logo o liberava sem nenhum diagnóstico  preciso sobre seu estado, alegando que o caso não necessitava de internação. Somente entre sábado (25/08) quinta-feira (30/08) seu João foi encaminhado para o SESP por quatro vezes, até o serviço de assistência social do CDVDH/CB encaminhar seu João, mais uma vez, desta vez com oficio e parecer social detalhando o caso e solicitando intervenção da Secretaria de Saúde para o que mesmo recebesse o devido atendimento, sob o alerta de convocar o Ministério Publico caso o mesmo não fosse atendido. E depois de conversas, encaminhamentos e negociação sob o acompanhamento do serviço social do SESP, mesmo com resistência do serviço ambulatório de Açailândia seu João foi, em fim, internado.

O relatório médico ainda não aponta com precisão as causas da morte do trabalhador. O único apontamento sobre o caso é que João Batista pode ter falecido em decorrência de tuberculose. Ate o fechamento desta matéria ainda não tínhamos confirmado a causa da morte. O CDVDH/CB aguarda comunicado oficial sobre a morte do trabalhador e cobra um diagnóstico preciso sobre as causas desta.

João Batista Cordeiro é mais uma vitima da crueldade do capitalismo nestas bandas do Brasil. Como vários outros estava a merecer da justiça para acerto trabalhista e é mais uma vitima da inoperância do Estado em cuidar da saúde dos menos favorecidos nesta sociedade.

Comunicação CDVDH/CB

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